Esse é um blog com informações que podem ser úteis para o baterista que está começando a conhecer seu instrumento. Como baterista amador (e bota amador nisso...), sou um péssimo blogueiro. Minhas tentativas de manter um blog pessoal não deram em nada, mas sempre achei que deveria compartilhar alguma coisa. Desde 2005 eu frequento o Fórum Cifra Club , que me estimulou muito a pesquisar mais sobre assuntos relacionados ao meu hobby favorito: tocar bateria, especialmente em relação a equipamentos. Desde então venho postando tópicos aqui e ali e que acredito que possam ser úteis aos bateristas iniciantes. Esse blog é um tentativa de centralizar as informações que criei e obtive ao longo deste período. Fica aqui a esperança que este blog possa ser de utilidade pra alguém. Comentários (sem anonimato, plz !) e sugestões são bem-vindos.



24 maio 2009

Pele de 18", achei !

Depois de voltas e mais voltas, acabei equipando o surdo de 18" com uma pele Remo Emperor porosa (BE-0118), que encaixou direitinho. Achei a pele na mesma Hendrix da Teodoro, depois do fiasco da Ambassador. A Emperor foi uma escolha que saiu em parte pela dificuldade em achar a Ambassador e em parte porque achei que o surdo de 16" equipado com essa pele de filme simples ficou devendo um pouco na pressão dos graves. Colocando a Emperor no surdão de 18" consegui estes graves sem precisar baixar demais a afinação. A pel nova ainda está assentando, mas em breve posto um comparativo aqui.

21 maio 2009

Bateria Eletrônica

A bateria eletrônica (BE) nada mais é que um sintetizador acionado por pads ao invés de teclado. O set completo de uma BE é composto do kit de pads (que dá o visual e a interação com o baterista) e o módulo, que é o "cérebro" da bateria. O desafio pros fabricantes é o de fazer uma BE que soe e se comporte o mais proximo possivel de uma batera acústica. Obviamente, quanto mais parecida for, maior o custo.

Pads
Existem vários tipos de pads à disposição. Sua função é gerar um sinal analógico que será recebido pelo módulo e convertido para um sinal digital MIDI. Dependendo do tipo de pads, pode ser enviado mais de um sinal, dependendo da região onde se toca, e assim obter-se mais de um tipo de som pro mesmo pad. Os pads de menor custo são um tipo de disco de borracha montado em uma estrutura de material sintético. Estes pads geralmente são mono (emitem um único sinal), mas existem versões de duas saídas (centro e borda). A sensação de tocar (feeling) é bastante diferente de uma acústica, mas não é difícil se adaptar. À direita vemos um diagrama que mostra a anatomia de um pad de BE. É basicamente um transdutor piezoelétrico colado a uma placa de metal. O conjunto é envolvido por uma espuma e o bloco é selado em uma cápsula de borracha.


Os pads de maior custo são os tambores virtuais, que são verdadeiros tambores rasos equipados com triggers internos (às vezes mais de um) e peles mudas. Geralmente têm duas saídas (centro e aro). O feeling destes pads é idêntico ao de um tambor acústico, sendo possível até regular a tensão da pele. Nestes pads os piezos são montados em cápsulas que ficam em contato com a pele muda do pad. O segundo piezo é colocado na borda do tambor (ou aro virtual). Existem também pads que simulam pratos, que são montados em estantes e podem possuir mais de uma saída de sinal, possibilitando sons diferentes dependendo da região onde se toca. A Staff Drum fabrica um pad mono com formato cilíndrico que tem pequenas dimensões e pode ser instalalado em qualquer cantinho do set. Um último tipo de pad é o pedal de chimbal, que tem várias funções.


O módulo
O módulo recebe o sinal analógico, o converte para um sinal digital padrão MIDI e gera uma saída que pode ser analógica ou digital, que necessita amplificação para ser ouvida. Os módulos mais modernos conseguem "ler" a intenção do baterista e reproduzir sons acústicos com fidelidade impressionante. Estes módulos são capazes de reproduzir Ghost notes, press-rolls, aberturas de chimbal e pratos e diversos outros efeitos obtidos em uma acústica. A maioria dos módulos vem com saída para fones de ouvido. Aí do lado tem uma foto do módulo Roland TD-12, um dos mais modernos do mercado atualmente. Pra quem já possui um PC ou notebook com um software de bateria virtual, ou um bom teclado, uma saída relativamente econômica é utilizar uma interface trigger-to-midi. Essa interface faz metade do trabalho que um módulo de bateria faz: simplesmente converte os sinais dos pads para sinais MIDI. Estes sinais então vão para o PC onde são processados e convertidos em som pelo software e pela placa de som. Este esquema pode ter alguma latência, então não é recomendado para som ao vivo, mas estudar e pra fazer suas demos em casa, tá valendo.

O amplificador
O sinal do módulo precisa ser amplificado pra ser ouvido (no caso de um show ou gravação). Pode tb ser diretamente conectado pela saída digital à placa de som do PC do estúdio de gravação. O sinal gerado pelo módulo é estéreo, então seria necessário um set de potência estéreo + duas caixas pra uma reprodução razoável. Uma dificuldade que notei em relação à reprodução do som é o som do bumbo. Devido à baixa freqüência, é necessário um terceiro amplificador com subwoofer pra se obter um bom som de bumbo (tipo ampli pra baixo). A Staff Drum está prestes a lançar um ampli tipo combo, específico pra BE.



As vantagens de ser possuir um set de BE são:
1. O controle sobre o volume do som sem comprometer sua qualidade. Quem tem um set acústico sabe que tocar baixinho fode com o som.
2. A possibilidade de se tocar com fones e não incomodar ninguém durante o estudo. (Convenhamos, pra que não está tocando, é um saco !) Em nome da harmonia com a vizinhança, especialmente quem mora em apartamentos, a eletrônica é praticamente obrigatória.
3. A economia de espaço. Nos apertamentos modernos, espaço é importante.
4. Pouco volume. Carregar um set acústico pra todo lado dentro do seu Ford Ka exige muita disposição, boa vontade e imaginação.
5. Os módulos oferecem inúmeras possibilidades de sons pra cada pad, o que permite trocar de kit (virtualmente) várias vezes durante um show.

Infelizmente existem algumas desvantagens:
1. O preço. Um set completo de BE custa de 2 a 3 vezes mais que um set acústico.
2. O som precisa ser amplificado no caso de um show. Existem várias maneiras de se fazer isso, mas isso foge do tópico.
3. O visual. Isso tem a ver diretamente com o pequeno volume da BE. Bateristas (eu inclusive) preferem ficar meio “enterrados” atrás de seu kit, sei lá por que. Apesar do visual modernoso (os pads da borracha da Staff são mto bonitos), não se compara à presença de um set acústico.


Há também a opção de usar um kit acústico com peles mudas, triggers, abafamento dos pratos e o módulo. Essa montagem pode ser mais barata que um set totalmente eletrônico e tem a vantagem de combinar versatilidade e visual, com presença de palco.

19 maio 2009

Trocando as peles

No post anterior eu falei sobre a dificuldade e precauções a serem tomadas ao se comprar uma pele de 18". Na verdade, ainda não consegui uma pele porosa de 18" nova pro meu surdo. Mas o resto dos tontons e surdos está com um set novinho de Remo Ambassadors porosas. Aproveitei a troca para registrar a diferença de sonoridade entre estes dois tipos de pele.


Minha impressão é de que o som com as Ambassadors ficou mais aveludado e mais seco. Por se tratarem de peles de filme simples, achei que o som teria bem mais ataque, mas isso não ocorreu. O sustain também ficou menor, assim como o volume e projeção, o que era esperado. O medo do excesso de harmônicos se provou sem motivo: com afinação mais baixa, as Ambassadors não "zunem" e os harmônicos soam bem agradáveis. Estas peles também precisam de maior cuidado na afinação, pois podem soar muito mal se a tensão entre os parafusos não estiver bem equilibrada.
No vídeo fica evidente a vocação de cada set de peles: as Evans G1/G2 oferecem um som focado, potente e encorpado, sem perda de ataque, excelente pra rock e vertentes. As Remo Ambassadors já são peles mais melodiosas, com um som muito bonito, mas que pode carecer de agressividade. Seria pra um som mais "adulto". Acho que estou ficando velho...
Confiram aí e postem suas opiniões !

14 maio 2009

Peles de 18", um problema...


Depois de um bom tempo fiel às Evans Genera, chegou o momento de trocar as peles de meu kit. Em busca de uma sonoridade nova, e tendo aprendido muito sobre afinação de tambores nos últimos anos, me animei a equipar a velhinha com peles porosas monofilme, pra ter um som mais aveludado em meus tontons.
A opção surgiu depois de fuçar bastante no youtube e ter uma noção de como estas peles se comportam. Trocar o modelo de peles é sempre algo arriscado: mudar somente em um tambor cria uma heterogeneidade que pode levar à falsa impressão de que a pele nova não foi boa escolha. Então, acabei inve$tindo numa troca de todas as peles dos tontons e surdos de uma vez. As escolhidas foram as tradicionais Remo Ambassador Coated, que encontrei parte na Made in Brazil e parte na Hendrix Music, na Teodoro Sampaio. A mudança de sonoridade foi bastante sensível, e por enquanto estou em fase de lua-de-mel com o novo timbre de meu kit.
O chato dessa brincadeira é a dificuldade pra se achar uma Ambassador porosa pro surdão de 18". As peles de 18" são fabricadas em versões para surdos e para bumbos. Aprendi isso do modo mais caro: no passado, comprei por engano uma pele nova de 18" pro meu surdão e vi que a pele não entrava no aro. Esse é um fato que a maioria dos vendedores não sabe: fui na Hendrix após verificar a disponibilidade da pele para surdo (BA-0118) no site. A consulta ao terminal do estoque mostrou 2 unidades disponíveis. Chega a pele e... tcharam ! Modelo de bumbo (BR-1118)... Depois de algumas consultas adicionais, o vendedor me informou que as peles para surdo acabaram pois tinham sido vendidas como peles para bumbo.
Então, por enquanto, o surdão de meu kit ainda está com a G2 transparente original. Acabei de ver que no site da Hendrix tem uma Emperor (filme duplo) porosa, pra surdo (BE-0118). Arrisco ?
Quando, e se, eu conseguir trocar todas as peles, eu posto aqui um video comparando os novos sons.

09 maio 2009

Breve história dos kits de Bateria




A bateria em forma de kit surgiu no inicio do século XX como um modo de unificar os instrumentos de percussão das marching bands militares, de modo a serem executados por somente uma pessoa.
O primeiro estilo a fazer uso efetivo do kit de bateria foi o jazz. Nesta época a bateria era basicamente constituída do bumbo, pratos (um ou dois) e um "washer", que era derivado das esteiras de lavar roupa, tocado com os dedos protegidos por dedais. Logo, o washer foi substituído pelo tambor de esteira (snare drum), conhecido entre nós como caixa.
O par de pratos que batiam um no outro acionados pelo pé apareceu na década de 20, e em 1926 alguém teve a brilhante idéia de elevar o par de pratos para também serem tocados com as mãos. Dessa elevação surgiu o nome HI-hat. Gene Krupa, em parceria com a Slingerland e a Zildjian, desenvolveu uma máquina de chimbal muito ágil no inicio da década de 30 e foi o primeiro baterista a realizar gravações com um kit com um formato "moderno" (Caixa, bumbo, pratos, hihats, tontom e surdo). Krupa e a Zildjian foram também os inventores dos pratos com função específica, bem como de seus nomes (Crash, Ride, etc)
Desta época até o surgimento do rock, no final da década de 50, a marcação dos tempos fortes era feita basicamente com os hihats, tocados com o pé, e a condução era feita quase sempre no ride. A caixa e o bumbo eram usados pra fills e acentuações.
Com a popularização das Big Bands na década de 30, as dimensões dos tambores aumentaram para soar através da massa sonora gerada pelos instrumentos de sopro. Os batedores do bumbo eram de madeira e o som de bumbo tinha muito kick, mas era muito grave devido as dimensões do tambor. Eram comuns bumbos de 26".
Art Blakey, nos final dos anos 40, inventou o "hard bop", com a caixa bastante presente nas marcações nos tempos 2 e 4, muito similar ao rock, mas ainda era jazz com "J" maiusculo.
Agora, o grande responsável pelo modo como tocamos bateria hoje em dia foi... Ringo Starr ! Ringo foi o primeiro baterista de renome a usar a matched grip, que era necessária pra dar projeção no som da caixa através das guitarras amplificadas. Além disso, a popularização dos Beatles alavancou a venda de baterias para amadores.
Na década de 60 predominou o som de kits com tambores relativamente pequenos e pratos leves. O chimbal e a caixa ganharam definitivamente seu lugar na condução do groove, mas o ride ainda marcava sua presença.
O surgimento do rock pesado na decada de 70 novamente fez com que os tambores aumentassem de tamanho. A sonoridade tendia a ser gorda e encorpada, devido em parte ao grande sucesso da grande novidade do mundo percussivo, as peles hidráulicas. Paralelamente, o rock progressivo incentivou o aparecimento de kits complexos, repletos de tambores e acessorios de percussão, a fim de atingir as ambições musicais deste estilo. Os kits de Heavy Metal dos anos 80 são uma espécie de cruzamento dos kits de Prog com os de Hard-Rock: setups imensos com tambores grandes, uma floresta de pratos e o baterista enterrado lá no meio.
Na segunda metade da década de 80 os componentes eletrônicos de percussão começaram a se destacar, em especial a hoje clássica Simmons SD-5 e seus pads hexagonais. Nessa época, o som padrão de bateria era a condução alternada em semicolcheias, com as duas mãos nos hihats. Essa tendência era tão forte que houve que decretasse a morte do ride. E os mais radicais decretavam a morte do kit de bateria todo, a ser substituído por sequencers e samplers cada vez melhores.
Os anos 90 marcaram um encolhimento dos kits, seja por opção de retornar à uma sonoridade básica e crua ou seja pela grande flexibilidade percussiva possibilitada pelo avanço da tecnologia em percussão eletrônica. Os fabricantes das eletrônicas passaram a buscar uma simulação das baterias acústicas, objetivo só alcançado recentemente. Uma melhor tecnologia de fabricação de pedais possibilitou a relativa popularização do pedal duplo de bumbo, diminuindo muito a necessidade de um incômodo segundo bumbo para a maioria dos bateristas, bem como o desenvolvimento e popularização de grooves com doubles muito rápidos, até por quem não possuía muita técnica de pedal. Os grooves com o ride foram reabilitados e o pratão voltou a ser parte integrante e efetiva do kit.
Entre o final da década de 90 e os dias de hoje, duas tendências vêm se apresentando: a continuidade da sonoridade crua da década de 90 e a hipervalorização da velocidade nos pedais, em parte por causa do aperfeiçoamento da tecnologia de fabricação dos mesmos. As peles de filme simples voltaram a ganhar força e a sonoridade atual privilegia o ataque e o sustain. Os kits eletrônicos estão muito próximos de emular os acústicos, tanto em som quanto em sensação ao tocar. Os home studios proliferaram e boa parte dos outros musicos podem dispensar o baterista na hora de gravar. Hoje em dia é virtualmente impossível diferenciar uma trilha acústica de uma sequenciada em uma gravação. Ao vivo já é outra coisa.
Pro futuro, o que vem por aí serão baterias eletrônicas cada vez mais realistas e baratas. Acredito que a bateria acústica não deverá ser extinta, mas deverá ser a exceção ao invés da regra, assim como as válvulas e os vinis.