Esse é um blog com informações que podem ser úteis para o baterista que está começando a conhecer seu instrumento. Como baterista amador (e bota amador nisso...), sou um péssimo blogueiro. Minhas tentativas de manter um blog pessoal não deram em nada, mas sempre achei que deveria compartilhar alguma coisa. Desde 2005 eu frequento o Fórum Cifra Club , que me estimulou muito a pesquisar mais sobre assuntos relacionados ao meu hobby favorito: tocar bateria, especialmente em relação a equipamentos. Desde então venho postando tópicos aqui e ali e que acredito que possam ser úteis aos bateristas iniciantes. Esse blog é um tentativa de centralizar as informações que criei e obtive ao longo deste período. Fica aqui a esperança que este blog possa ser de utilidade pra alguém. Comentários (sem anonimato, plz !) e sugestões são bem-vindos.



09 maio 2009

Breve história dos kits de Bateria




A bateria em forma de kit surgiu no inicio do século XX como um modo de unificar os instrumentos de percussão das marching bands militares, de modo a serem executados por somente uma pessoa.
O primeiro estilo a fazer uso efetivo do kit de bateria foi o jazz. Nesta época a bateria era basicamente constituída do bumbo, pratos (um ou dois) e um "washer", que era derivado das esteiras de lavar roupa, tocado com os dedos protegidos por dedais. Logo, o washer foi substituído pelo tambor de esteira (snare drum), conhecido entre nós como caixa.
O par de pratos que batiam um no outro acionados pelo pé apareceu na década de 20, e em 1926 alguém teve a brilhante idéia de elevar o par de pratos para também serem tocados com as mãos. Dessa elevação surgiu o nome HI-hat. Gene Krupa, em parceria com a Slingerland e a Zildjian, desenvolveu uma máquina de chimbal muito ágil no inicio da década de 30 e foi o primeiro baterista a realizar gravações com um kit com um formato "moderno" (Caixa, bumbo, pratos, hihats, tontom e surdo). Krupa e a Zildjian foram também os inventores dos pratos com função específica, bem como de seus nomes (Crash, Ride, etc)
Desta época até o surgimento do rock, no final da década de 50, a marcação dos tempos fortes era feita basicamente com os hihats, tocados com o pé, e a condução era feita quase sempre no ride. A caixa e o bumbo eram usados pra fills e acentuações.
Com a popularização das Big Bands na década de 30, as dimensões dos tambores aumentaram para soar através da massa sonora gerada pelos instrumentos de sopro. Os batedores do bumbo eram de madeira e o som de bumbo tinha muito kick, mas era muito grave devido as dimensões do tambor. Eram comuns bumbos de 26".
Art Blakey, nos final dos anos 40, inventou o "hard bop", com a caixa bastante presente nas marcações nos tempos 2 e 4, muito similar ao rock, mas ainda era jazz com "J" maiusculo.
Agora, o grande responsável pelo modo como tocamos bateria hoje em dia foi... Ringo Starr ! Ringo foi o primeiro baterista de renome a usar a matched grip, que era necessária pra dar projeção no som da caixa através das guitarras amplificadas. Além disso, a popularização dos Beatles alavancou a venda de baterias para amadores.
Na década de 60 predominou o som de kits com tambores relativamente pequenos e pratos leves. O chimbal e a caixa ganharam definitivamente seu lugar na condução do groove, mas o ride ainda marcava sua presença.
O surgimento do rock pesado na decada de 70 novamente fez com que os tambores aumentassem de tamanho. A sonoridade tendia a ser gorda e encorpada, devido em parte ao grande sucesso da grande novidade do mundo percussivo, as peles hidráulicas. Paralelamente, o rock progressivo incentivou o aparecimento de kits complexos, repletos de tambores e acessorios de percussão, a fim de atingir as ambições musicais deste estilo. Os kits de Heavy Metal dos anos 80 são uma espécie de cruzamento dos kits de Prog com os de Hard-Rock: setups imensos com tambores grandes, uma floresta de pratos e o baterista enterrado lá no meio.
Na segunda metade da década de 80 os componentes eletrônicos de percussão começaram a se destacar, em especial a hoje clássica Simmons SD-5 e seus pads hexagonais. Nessa época, o som padrão de bateria era a condução alternada em semicolcheias, com as duas mãos nos hihats. Essa tendência era tão forte que houve que decretasse a morte do ride. E os mais radicais decretavam a morte do kit de bateria todo, a ser substituído por sequencers e samplers cada vez melhores.
Os anos 90 marcaram um encolhimento dos kits, seja por opção de retornar à uma sonoridade básica e crua ou seja pela grande flexibilidade percussiva possibilitada pelo avanço da tecnologia em percussão eletrônica. Os fabricantes das eletrônicas passaram a buscar uma simulação das baterias acústicas, objetivo só alcançado recentemente. Uma melhor tecnologia de fabricação de pedais possibilitou a relativa popularização do pedal duplo de bumbo, diminuindo muito a necessidade de um incômodo segundo bumbo para a maioria dos bateristas, bem como o desenvolvimento e popularização de grooves com doubles muito rápidos, até por quem não possuía muita técnica de pedal. Os grooves com o ride foram reabilitados e o pratão voltou a ser parte integrante e efetiva do kit.
Entre o final da década de 90 e os dias de hoje, duas tendências vêm se apresentando: a continuidade da sonoridade crua da década de 90 e a hipervalorização da velocidade nos pedais, em parte por causa do aperfeiçoamento da tecnologia de fabricação dos mesmos. As peles de filme simples voltaram a ganhar força e a sonoridade atual privilegia o ataque e o sustain. Os kits eletrônicos estão muito próximos de emular os acústicos, tanto em som quanto em sensação ao tocar. Os home studios proliferaram e boa parte dos outros musicos podem dispensar o baterista na hora de gravar. Hoje em dia é virtualmente impossível diferenciar uma trilha acústica de uma sequenciada em uma gravação. Ao vivo já é outra coisa.
Pro futuro, o que vem por aí serão baterias eletrônicas cada vez mais realistas e baratas. Acredito que a bateria acústica não deverá ser extinta, mas deverá ser a exceção ao invés da regra, assim como as válvulas e os vinis.

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