Esse é um blog com informações que podem ser úteis para o baterista que está começando a conhecer seu instrumento. Como baterista amador (e bota amador nisso...), sou um péssimo blogueiro. Minhas tentativas de manter um blog pessoal não deram em nada, mas sempre achei que deveria compartilhar alguma coisa. Desde 2005 eu frequento o Fórum Cifra Club , que me estimulou muito a pesquisar mais sobre assuntos relacionados ao meu hobby favorito: tocar bateria, especialmente em relação a equipamentos. Desde então venho postando tópicos aqui e ali e que acredito que possam ser úteis aos bateristas iniciantes. Esse blog é um tentativa de centralizar as informações que criei e obtive ao longo deste período. Fica aqui a esperança que este blog possa ser de utilidade pra alguém. Comentários (sem anonimato, plz !) e sugestões são bem-vindos.



06 junho 2009

Pedais de bumbo, como escolher ?


O modo de se tocar o pedal do bumbo é muito pessoal. Existem muitas técnicas diferentes para tocar o pedal do bumbo. Técnicas que funcionam bem para um determinado baterista podem ser muito difíceis para outro. Um bom exemplo é a execução do heel-toe, que é muito fácil para quem tem pés pequenos (ou tem um pedal com sapata grande tipo o Axis). Quem tem pés grandes pode também fazer uma espécie de heel-toe, mas tem mais dificuldade. Existem bateristas com pegada mais pesada e lenta, existem bateristas mais técnicos e velozes. A escolha do pedal deve levar isso tudo em consideração.

Posto isso, acredito que o que faz um pedal ser de boa qualidade são as seguintes características:

1. Leveza: isso não diz respeito propriamente à massa física do pedal, mas à sua menor resposta inercial, ou seja, o quanto esforço o pedal requer para ser acionado. A leveza é resultante de vários fatores, como a massa da sapata e do batedor, da elasticidade da mola, da quantidade de rolamentos nas partes móveis, do projeto, e da regulagem. Pedais mais leves tendem a ser mais rápidos, mas a pegada do toque tende a ser menos forte. Um modo de verificar a leveza é, com o pedal desconectado do bumbo, puxar o batedor pra trás até o final do curso e soltar. Quanto maior o número de oscilações, mais leve é o pedal. Um pedal de boa qualidade deve oscilar pelo menos 10 vezes. Se as oscilações forem em menor número, isso significa que o pedal está dissipando energia, o que vai exigir maior esforço do baterista quando for tocado.
2. Opções de regulagem: Como existem grandes diferenças físicas entre os bateristas, fica evidente que uma determinada regulagem de um pedal pode funcionar pra um e não pra outro. Daí a importância das opções de regulagem de cada pedal. Quanto mais ajustável, melhor, pois é assim que o baterista pode achar os ajustes que melhor funcionem para ele. Regulagens para tocar fusas de metal extremo não funcionam para tocar acentuações em Jazz ou doubles rápidos para um shuffle, por exemplo. Um bom pedal deve ter regulagem de ângulo e altura do batedor, altura e momento da sapata, e de tensão da mola (isso quase todos têm). Os pedais top oferecem regulagens independentes para o ângulo do batedor e altura da sapata, mecanismos de avanço da sapata, regulagens de altura do apoio de calcanhar, diferentes modos de apoio dos pés, conversão para long-board, contra-peso para o batedor, avanço do rotor e o diabo a quatro. E por falar em diabo, creio que o pedal atualmente mais avançado segundo este critério seja o Pearl Demon Drive.
3. Rigidez: A rigidez de um pedal tem a ver com a sensação que o batedor transmite ao pé do baterista. Uma sensação sólida, resultante da rigidez da sapata, da haste do batedor e do mecanismo que os conecta, é importante para execução de toques rápidos. Talvez venham daí as críticas aos pedais da RMV: como a sapata é construída em um compósito (cuja composição não vem ao caso: é segredo industrial e pode ser desde um compósito de fibra de carbono até plástico comum) que possui uma certa elasticidade, a sensação ao tocar é de “lerdeza” e insegurança. Por outro lado, o compósito oferece muita leveza combinada a uma resistência razoável a um preço acessível. Os pedais top possuem sapatas construídas em alumínio aeroespacial ou titânio, materiais que combinam baixa massa e rigidez. Os tops mais recentes adotaram o sistema direct drive para conectar o batedor à sapata, que consiste em uma haste de metal substituindo a corrente ou o tirante de nylon, obtendo com isso maior rigidez e sensibilidade ao tocar.
4. Resistência mecânica: quanto maior a resistência mecânica, maior a durabilidade e confiabilidade do pedal. Uma das piores situações que um baterista pode enfrentar é a quebra do pedal do bumbo durante um show. Todos os componentes de um pedal de bumbo são submetidos a um stress mecânico muito grande. A necessidade de combinar leveza com resistência mecânica torna muito dificil projetar e produzir um pedal de alta qualidade. Muito da necessidade de resistência tem a ver com o estilo do baterista: pisadas mastodônticas, que socam o batedor contra a pele, exigem um equipamento mais resistente, correntes duplas ou direct drive. Bateristas mais técnicos preferem a leveza de uma corrente simples ou de um tirante de nylon. Pedais top são construídos invariavelmente em ligas de metal, que vão do alumínio ao ferro fundido, dependendo do componente. Em um pedal duplo, o componente mais crítico é o cardã, ou eixo de acoplamento. É a barra que conecta o pedal remoto (satélite) ao batedor secundário. Para a transmissão do movimento, o cardã tem uma cruzeta em cada extremidade. Estas cruzetas são submetidas a um stress violento e com o tempo, invariavelmente, criam uma folga que torna impreciso e desconfortável o uso do pedal remoto, especialmente com bateristas que tendem a socar o batedor contra a pele, sem deixar fazer rebote. Os pedais tops mais modernos possuem cruzetas “orbitais”, com um novo desenho que aumenta sua resistência.
5. Qualidade de construção: isso vem do projeto original. Um pedal bem construído não tem folgas em suas dobradiças e sempre atua em silêncio, independentemente da técnica usada. Pedais de má qualidade possuem folgas, rangidos e estalos que podem comprometer, por exemplo, a gravação daquele “take” perfeito que você conseguiu executar após várias horas no estúdio. Muitos rangidos podem ser evitados com uma boa manutenção (um oleozinho nas dobradiças de vez em quando), mas falhas de projeto e construção não há manutenção que resolva.

Levando estes critérios em consideração, fica explicada a popularidade que certas marcas possuem. Os melhores pedais produzidos pela Tama, DW, Gibraltar, Mapex e Pearl, para ficar nestes fabricantes, conseguem superar o grande desafio que é produzir um pedal leve, versátil, rígido, resistente e bem construído, a um preço, se não barato, pelo menos acessível para quem procura qualidade.

4 comentários:

  1. andre buscariolli-ab-nd.

    salve auro, otimo post cara, tirou todas essas informações de algum lugar ou isso tudo é conhecimento adquirido com o tempo??kkk, não conhecia esse método de testar a leveza do pedal, a partir de hoje virei adepto dele, parece ser muito eficaz e funcional.

    valeu cara, mandou bem nesse post, se quiser usar qualquer um dos vídeos que eu traduzi se sinta a vontade....
    []'s

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  2. Beleza, andré !
    esse post é resultado tanto de informações colhidas quanto de experiência pessoal. O teste de leveza eu aprendi em um número antigo da Modern Drummer, que pretensamente ensinava a regular um pedal, mas não ensinava muita coisa de fato. Mas serviu pra eu perceber que meu pedal era um lixo e precisava ser trocado...
    [ ]´s

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  3. Cara, seria abuso ler esse post e não vir aqui pra comentar e elogiar!
    Muito bom!!!
    Se já no Cifraclub você ajuda com uma paciência exemplar, com um blog você poderá, sem dúvida, ser o guru virtual de muito baterista que está começando, assim como eu.
    Espero que esse espaço vingue e continue por aí.
    Parabéns!

    Lucas Moura

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  4. Muito legal.
    Estou comprando um pedal.
    Iremos fazer um som típico ao da banda O Rappa, e uns funks.
    Estou com dúvida em qual investir e adquirir.
    Você saberia me dá uma assessoria nesse quesito. Obrigado. como vi você falando no começo do post sobre o tamanho do pé, eu calço 41.
    Obrigado. E parabéns pela iniciativa do blog.
    Muito útil!

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